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“A crise do coronavírus não é democrática”

Para Pedro Dallari, a população mais pobre é a mais afetada, tanto na questão da saúde quanto na econômica ler

29 de maio de 2020 - 18:00

Desde que a crise do coronavírus começou, tem se falado muito em seu aspecto “democrático”, já que a covid-19 atacaria todas as faixas sociais, sem distinção. Não é isso, no entanto, o que pensa o professor Pedro Dallari em sua coluna desta semana. “A pandemia tem atingido de maneira muito mais forte a população mais pobre do Brasil e do mundo”, afirma o colunista. “A desigualdade social no nosso país e em muitos outros países do mundo faz com que a crise de saúde tenha um duplo efeito na população mais pobre. Por um lado, vemos o aumento assustador no número de mortos justamente no âmbito dessa população mais pobre, até porque não tem condição de entrar no isolamento social. Ainda neste contexto, é evidente que essa parcela da população não tem condições de um atendimento de saúde semelhante àquela parcela com mais recursos.”

“Essa desigualdade social brasileira, que é uma marca da América Latina, fez justamente que a OMS declarasse que a América Latina é o novo epicentro da pandemia, com destaque lamentável para o Brasil”, afirma Dallari. “Mas há um outro impacto que se abate sobre esta camada mais vulnerável da sociedade, que é a redução na atividade econômica, que prejudica de forma muito mais efetiva a parcela da população que vive em situação de subsistência. O Banco Mundial, de forma conservadora, acredita que 60 milhões de pessoas entrarão em situação de extrema pobreza em todo o mundo.”

Fonte: A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar toda quarta-feiraa às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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