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A ciência da pesquisa e a ciência feita “in loco”
João Paulo Lotufo argumenta que o trabalho científico feito nos moldes do programa Dr. Bartô e os Doutores da Saúde não é tão fácil de mensurar, mas acredita ser tão eficaz quanto aquele que é fruto de pesquisa ler
Nesta coluna, João Paulo Lotufo, a respeito de uma mensagem que recebeu, tece considerações sobre a diferença entre a ciência enquanto pesquisa e a que é feita na prática, nos moldes do seu programa Dr. Bartô e os Doutores da Saúde.
“Recentemente, recebi o anúncio de uma live da doutora Júlia Gusmões, que defendeu sua tese de doutoramento sobre a necessidade de programas de prevenção serem avaliados cientificamente, para que se possa mensurar sua eficácia, sua efetividade e também a sua fidelidade. A grande dificuldade é como nós, pesquisadores, cientistas, professores universitários, temos que fazer chegar à população nosso conhecimento e, principalmente, na minha área, o conhecimento do malefício das drogas. Ao mesmo tempo que eu vi num cartaz anúncio de uma festa onde a bebida alcoólica está anunciada como liberada a festa toda, estilo open bar, eu vejo pessoas que trabalham para tornar a ciência mais acessível à população”.
Segundo ele, é muito difícil avaliar a eficácia desse tipo de trabalho, em que o intuito é levar o conhecimento aos cidadãos de forma direta, como é feito no estilo Dr. Bartô. “Atualmente vamos às cidades, treinamos equipes no que chamamos de aconselhamentos breves, onde, por poucos minutos, podemos aconselhar jovens sobre o risco da droga.”
De acordo com ele, já existe na literatura médica demonstrações da eficácia do aconselhamento breve. “Portanto, enquanto alguns ficam pesquisando – o que eu não acho errado -, eu prefiro ir para a prática, com fundo científico de metodologia, e falar aos jovens, distribuir material, estimular professores, área de saúde, a conversar semanalmente com jovens sobre a prevenção e risco das drogas […] nosso material já foi distribuído no Sesc de Goiás, está sendo impresso pela Prefeitura de Curitiba, há pedidos para ser impresso em Pompeia, Blumenau, Erechim (Rio Grande do Sul) e Santa Cruz do Rio Pardo. Nesta última cidade passamos dois dias treinando e aumentando o conhecimento da equipe da educação e saúde e agora, dia 5 de junho, com a presença do vice-governador, a cidade estará lançando um projeto de prevenção chamado Casulo.” Ele conclui: “Importante a pesquisa? Sim, mas eu prefiro pôr o pé na estrada”.
Fonte: Jornal da USP